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Invisíveis é uma nova peça infantil que sobe ao palco do CCM esta Páscoa para encantar as famílias. Numa fusão de teatro e animação, conta a história de Mia, uma menina que cria amizades invisíveis para ultrapassar os seus medos. Por estranho que pareça, muitos são os miúdos que, tal como Mia, recorrem aos amigos imaginários em tenra idade. Vamos descobrir mais sobre estes misteriosos amiguinhos da infância.

Amizades Inventadas

Depois do breve e mágico momento vivido em 2021 com a produção Até à Lua, o Teatro Infantil de Artes de Xangai vai estar de volta à cidade com Invisíveis, a sua mais recente colaboração com a companhia espanhola Voilá Producciones. Emocional e engraçada, esta peça conta ao público como Mia, uma rapariga que se assusta frequentemente com todo o tipo de coisas, imagina Frida, a sua primeira amiga invisível, que aparece do nada para ajudá-la a enfrentar os medos.

Amigos para as ocasiões
Embora os motivos sejam diversos, e mesmo que alguns pais se preocupem com o comportamento dos seus filhos a dado momento, os companheiros imaginários são bastante comuns na infância. Longe de se tratar de um sinal de psicose, é improvável que uma criança que imagine um amigo alguma vez se transforme numa espécie de Dom Quixote, a lutar contra inimigos inexistentes. Investigações realizadas nos EUA concluem que, até aos sete anos de idade, quase 40 por cento dos meninos e meninas teve um amigo invisível. Para além disso, a criação de um amigo imaginário não implica uma incapacidade para fazer amigos reais. Na realidade, estas amizades inventadas podem ajudar nesse sentido, surgindo como um caminho seguro para fomentar futuras relações, resolvendo possíveis conflitos ou encorajando a partilha com os outros. Uma vez que o surgimento das companhias imaginárias normalmente abrange crianças entre a primeira infância e a pré-adolescência, sendo mais comum entre os que não têm irmãos, quando chega à escola primária, a maioria dos miúdos já deixou para trás os seus amiguinhos fictícios. Embora os psicólogos ainda não tenham verdadeiramente descoberto uma explicação para este comportamento entre as crianças, os pais podem ficar descansados, visto que tal não é motivo para preocupações. Embora o “aparecimento” de um amigo imaginário na vida de uma criança raramente seja problemático, este pode, no entanto, ser utilizado para enfrentar dificuldades.  É esse o caso de Mia, a menina criada para a peça Invisíveis, cuja primeira amiga imaginária se chama Frida.

Visibilidade performativa
Talvez o nome escolhido para esta personagem de Invisíveis seja pura coincidência, mas acontece que a reconhecida artista plástica Frida Khalo em tempos também teve a sua companheira imaginária. Numa altura em que estava em recuperação da poliomielite, a pequena Frida fez amizade com uma menina de branco que a acompanhou nos tempos de solidão, e mais tarde viria a aparecer nas suas pinturas. Inspirado no diário de Khalo, onde aparece a amiga imaginária, o ilustrador britânico Anthony Browne publicou A Pequena Frida, um livro repleto de ilustrações surrealistas representativas dos mundos interiores da artista, então com apenas seis anos de idade.

O livro parece dar razão a uma pesquisa que sugere que as raparigas são mais propensas a estabelecer relações com seres imaginários e que os miúdos que vivem essas experiências tendem a transformar-se em adultos mais criativos. Por outro lado, é mais frequente que as meninas adoptem um papel protector relativamente aos seus companheiros imaginários, que geralmente tomam a forma de bebés, por vezes animais. Os amigos dos meninos, por seu lado, são frequentemente personagens mais fortes que eles próprios, normalmente super-heróis ou seres com poderes extraordinários.

São muitas as histórias que retratam estas situações. Em 2015 o conhecido ilustrador infantil Oliver Jeffers juntou-se ao escritor Eoin Colfer para criar Fred o Amigo Imaginário. Nesta aventura irresistível, Colfer garante que, por vezes, tudo o que é preciso para que um amigo imaginário apareça é electricidade, ou sorte, ou até magia. Se procurarmos um pouco, descobrimos que há muitas outras abordagens ao tema, das peças teatrais às produções cinematográficas.

Jojo Rabbit, um filme estreado em 2019 é talvez o exemplo mais extremo de uma amizade imaginária ilustrada no grande ecrã. Esta sátira inovadora tem como pano de fundo a Segunda Grande Guerra e conta a história de um rapazinho alemão que descobre que a sua mãe esconde uma rapariga judia na casa onde habitam. Chocado e confuso, Jojo pede conselhos ao seu melhor amigo imaginário, um adulto conhecido no mundo real como Adolf Hiltler.

Claro que a maioria dos miúdos não fará, se é que algum, amizade com ditadores ou outro tipo de vilões. Estas fantasias não são problemáticas, mas também não são um sinal de inteligência prodigiosa. São apenas um sintoma do desenvolvimento social das crianças. Ao inventarem companheiros que só eles podem ver, começam a compreender que as outras pessoas podem ter desejos e comportamentos diversos dos seus. Como no caso de Mia, que tem uma amiga imaginária a aparecer-lhe até na pré-adolescência. De facto, os pais devem saber que os miúdos nestas circunstâncias podem mesmo melhorar as suas capacidades de observação e concentração. Assim, se a sua criança decidir levar para casa qualquer tipo de ser imaginário, descontraia-se, dê espaço ao novo companheiro e junte-se à brincadeira!

Anthony Browne - A Pequena Frida

Ilustração de Fred o Amigo Imaginário

Jojo Rabbit
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Invisíveis é uma nova peça infantil que sobe ao palco do CCM esta Páscoa para encantar as famílias. Numa fusão de teatro e animação, conta a história de Mia, uma menina que cria amizades invisíveis para ultrapassar os seus medos. Por estranho que pareça, muitos são os miúdos que, tal como Mia, recorrem aos amigos imaginários em tenra idade. Vamos descobrir mais sobre estes misteriosos amiguinhos da infância.

Amizades
Inventadas

Depois do breve e mágico momento vivido em 2021 com a produção Até à Lua, o Teatro Infantil de Artes de Xangai vai estar de volta à cidade com Invisíveis, a sua mais recente colaboração com a companhia espanhola Voilá Producciones. Emocional e engraçada, esta peça conta ao público como Mia, uma rapariga que se assusta frequentemente com todo o tipo de coisas, imagina Frida, a sua primeira amiga invisível, que aparece do nada para ajudá-la a enfrentar os medos.

Anthony Browne - A Pequena Frida

Amigos para as ocasiões
Embora os motivos sejam diversos, e mesmo que alguns pais se preocupem com o comportamento dos seus filhos a dado momento, os companheiros imaginários são bastante comuns na infância. Longe de se tratar de um sinal de psicose, é improvável que uma criança que imagine um amigo alguma vez se transforme numa espécie de Dom Quixote, a lutar contra inimigos inexistentes. Investigações realizadas nos EUA concluem que, até aos sete anos de idade, quase 40 por cento dos meninos e meninas teve um amigo invisível. Para além disso, a criação de um amigo imaginário não implica uma incapacidade para fazer amigos reais. Na realidade, estas amizades inventadas podem ajudar nesse sentido, surgindo como um caminho seguro para fomentar futuras relações, resolvendo possíveis conflitos ou encorajando a partilha com os outros. Uma vez que o surgimento das companhias imaginárias normalmente abrange crianças entre a primeira infância e a pré-adolescência, sendo mais comum entre os que não têm irmãos, quando chega à escola primária, a maioria dos miúdos já deixou para trás os seus amiguinhos fictícios. Embora os psicólogos ainda não tenham verdadeiramente descoberto uma explicação para este comportamento entre as crianças, os pais podem ficar descansados, visto que tal não é motivo para preocupações. Embora o “aparecimento” de um amigo imaginário na vida de uma criança raramente seja problemático, este pode, no entanto, ser utilizado para enfrentar dificuldades.  É esse o caso de Mia, a menina criada para a peça Invisíveis, cuja primeira amiga imaginária se chama Frida.

Visibilidade performativa
Talvez o nome escolhido para esta personagem de Invisíveis seja pura coincidência, mas acontece que a reconhecida artista plástica Frida Khalo em tempos também teve a sua companheira imaginária. Numa altura em que estava em recuperação da poliomielite, a pequena Frida fez amizade com uma menina de branco que a acompanhou nos tempos de solidão, e mais tarde viria a aparecer nas suas pinturas. Inspirado no diário de Khalo, onde aparece a amiga imaginária, o ilustrador britânico Anthony Browne publicou A Pequena Frida, um livro repleto de ilustrações surrealistas representativas dos mundos interiores da artista, então com apenas seis anos de idade.

O livro parece dar razão a uma pesquisa que sugere que as raparigas são mais propensas a estabelecer relações com seres imaginários e que os miúdos que vivem essas experiências tendem a transformar-se em adultos mais criativos. Por outro lado, é mais frequente que as meninas adoptem um papel protector relativamente aos seus companheiros imaginários, que geralmente tomam a forma de bebés, por vezes animais. Os amigos dos meninos, por seu lado, são frequentemente personagens mais fortes que eles próprios, normalmente super-heróis ou seres com poderes extraordinários.

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Ilustração de Fred o Amigo Imaginário

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São muitas as histórias que retratam estas situações. Em 2015 o conhecido ilustrador infantil Oliver Jeffers juntou-se ao escritor Eoin Colfer para criar Fred o Amigo Imaginário. Nesta aventura irresistível, Colfer garante que, por vezes, tudo o que é preciso para que um amigo imaginário apareça é electricidade, ou sorte, ou até magia. Se procurarmos um pouco, descobrimos que há muitas outras abordagens ao tema, das peças teatrais às produções cinematográficas.

Jojo Rabbit, um filme estreado em 2019 é talvez o exemplo mais extremo de uma amizade imaginária ilustrada no grande ecrã. Esta sátira inovadora tem como pano de fundo a Segunda Grande Guerra e conta a história de um rapazinho alemão que descobre que a sua mãe esconde uma rapariga judia na casa onde habitam. Chocado e confuso, Jojo pede conselhos ao seu melhor amigo imaginário, um adulto conhecido no mundo real como Adolf Hiltler.

Claro que a maioria dos miúdos não fará, se é que algum, amizade com ditadores ou outro tipo de vilões. Estas fantasias não são problemáticas, mas também não são um sinal de inteligência prodigiosa. São apenas um sintoma do desenvolvimento social das crianças. Ao inventarem companheiros que só eles podem ver, começam a compreender que as outras pessoas podem ter desejos e comportamentos diversos dos seus. Como no caso de Mia, que tem uma amiga imaginária a aparecer-lhe até na pré-adolescência. De facto, os pais devem saber que os miúdos nestas circunstâncias podem mesmo melhorar as suas capacidades de observação e concentração. Assim, se a sua criança decidir levar para casa qualquer tipo de ser imaginário, descontraia-se, dê espaço ao novo companheiro e junte-se à brincadeira!

Jojo Rabbit
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